Certa vez, cansada de surpresas desagradáveis, uma jovem foi até uma cigana, para saber seu destino.
A jovem explicou a tal cigana que se enganava demais com as pessoas, e que tinha um coração inocente e cego para maldades. Era imune a qualquer tipo de rancor, e o mal que lhe faziam, o tempo levava e ela esquecia, e mais na frente outra decepção lhe surpreendia. Ela queria saber o que o destino lhe reservava, para não ser pega de surpresa, assim não se decepcionaria com as magoas que se aproximavam, ela já estaria preparada, ou poderia tentar mudar sua sorte.
A cigana olhava curiosa para a jovem, que ao mesmo tempo em que possuía uma decepção no olhar, tinha também uma esperança irrefutável. Analisando sua vida, a cigana disse à menina que ela não podia tentar cuidar de todos o tempo todo, que ela não pode ser mãe de todos que ama, que às vezes, ao invés de cuidar, ela precisava ser cuidada. Que nem sempre ela tem que amar, e sim ser amada. Que às vezes ser abraçada é melhor que abraçar. Ela tinha que diminuir sua sede de surpreender e aguardar ser surpreendida.
Relutante, a garota dos sonhos quebrados (mas não destruídos) foi acatando tudo o que a vidente falava e quando ela ia começar a prever seu destino, ela a impediu. Ela não queria mais saber, ela percebeu, com todos os conselhos que recebeu, que não pode querer dar um passo maior que suas pernas, e que não teria graça e nem sentido saber o que irá acontecer. Por mais que seu coração fosse tão ingênuo, ela sabia, lá no fundo, que conseguiria suportar qualquer mau que lhe atingisse, ela sabia de sua força. Ela queria mais. Ela queria acordar todo dia sem saber o que lhe iria acontecer, quem iria conhecer.
Ela não queria saber quando encontraria o amor de sua vida, a espera poderia ser enlouquecedora. Ela não queria saber quais surpresas o destino lhe reservaria. Sua carreira, seus filhos, sua família. Ela não queria saber quais os momentos seriam de felicidade e quais seriam de dor. Ela apenas disse que iria dar os passos que lhe fossem cabíveis, que iria seguir seu caminho, que a fé seria sua guia. Ela bateu a porta atrás de si, e foi.
domingo, 12 de abril de 2009
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